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Enquanto Jesus Não Vem…

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Jesus virá, é certo. Em um momento inesperado seremos retirados da terra para estar com Ele para sempre. Depois, não muito depois, ele estabelecerá sobre a terra o seu Reino, Reino que trará justiça e paz, fartura e cura, amor e vida (Isaías 45; Salmo 72). Nada de mendigos pelas ruas, de órfãos se tornando delinqüentes, de famílias desestruturadas pelo desemprego, de mães solteiras desamparadas, de drogados, de alcoólatras, de pessoas doentes e com fome, aguardando em corredores de hospitais leitos inexistentes e assistentes sociais impotentes diante de tanta miséria. Menos que isso não será o governo mundial do Messias.

Esta esperança tem que ser viva em nossos corações. Ainda que como seres glorificados estas questões não nos atingirão, o mundo desfrutará de uma qualidade de vida tanto política, quanto social sem precedentes. A nossa oração só pode ser “Venha o Teu Reino” ! Então o Senhor Jesus entrará mais uma vez na História humana, para alterá-la radical e eternamente.

Mas enquanto isto… que faremos ? Olharemos para cima sem olhar ao lado ? Seguiremos para a frente sem parar e ajudar ? Carregaremos o transbordante amor do Espírito sem permitir que transborde sobre o outro ? Pararei até que chegue o dia ? Nada mais importa, nada mais me comove, nada mais me toca nesta Terra ? Ele vem eu sei que vem e quero estar em pé neste dia. Mas enquanto o dia não chega ficarei sentado ? Cristão que é cristão só espera em movimento.

Talvez, mais do que nunca, precisemos da Parábola do Bom Samaritano. O problema é que sempre nos identificamos com o samaritano e nunca paramos para pensar que podemos estar sendo sacerdotes e levitas. Numa versão moderna, poderíamos dizer que o pastor e o crente passaram pelo homem caído no caminho e se afastaram. Em seguida chegaram espíritas, católicos e maçons e o levaram para um abrigo e cuidaram dele. Sei que dói ouvir isto. Mas também doeu aos sacerdotes, escribas e levitas judeus, quando Jesus lhes disse esta parábola. Os samaritanos eram considerados endemoninhados por eles, piores do que os gentios.

Não estou aqui fazendo apologia da salvação de espíritas, católicos e maçons. Jesus também não estava fazendo apologia da salvação dos samaritanos. Ele apenas estava querendo mostrar que quando se trata de amor ao próximo, títulos de nada adiantam e sim as atitudes. Só uma verdadeira atitude de amor pode ajudar e restaurar o caído. Ser um sacerdote, um levita, um pastor ou um crente não será eficaz se o amor ao próximo não for expresso em atos. O que ele queria dizer era que acima de todos os argumentos teológicos e filosóficos que pudessem ser lançados a favor do sacerdote e do levita e contra o samaritano, o amor ao próximo era aquilo e ponto.

Muito menos estou fazendo aqui apologia da salvação pelas obras. Jesus também não estava. Nesta parábola ele não queria ensinar como ser salvo, mas como se ama. A questão não era como chegar ao céu, mas como viver na terra demonstrando amor ao próximo.

Pode parecer um paradoxo, mas não creio que a missão da Igreja seja resolver os problemas sociais deste mundo. Entretanto, eu creio que a sua missão é amar e manifestar este amor. Amar a Deus e ao próximo. Ambos na mesma intensidade. Logo, prefiro dizer que cabe a Igreja realizar obras de amor, mais do que obras sociais. A força por trás de cada ato não é a crença de que a ação social pode mudar o mundo, mas um amor ardente pelo próximo. E quem é o meu próximo ? É você quem vai determinar, através de suas atitudes, quem é o seu próximo.

Como isto pode ser feito ? A resposta já não cabe neste espaço. Há muito que dizer e fazer. Há homens e mulheres de Deus com grande chamado para este ministério de amor. Levanta e anda.

Enquanto Jesus não vem, é tempo de agir e amar. Nossa esperança no futuro não deve impedir nossa ação no presente. Nenhuma esperança é paralisadora Temos impactado muito pouco nossa sociedade com obras de amor. Elas têm ficado na mão de pessoas que não tem o testemunho de Deus e o mundo e a Igreja tem perdido credibilidade com isto. Faltam creches, escolas, orfanatos, asilos, hospitais, cooperativas de caráter evangélico, que venham manifestar o amor de Cristo neste mundo.

Podemos, com certeza, fazer muitas coisas, enquanto Ele não vem.

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