Por Eguinaldo Hélio de Souza
Quando virás, Senhor, quando virás? Séculos se passaram e ainda teu povo te anseia. Tiraste nossos corações deste mundo e agora desejamos que também nossos corpos sejam dele retirados. Deste a nós novos olhos e novos ouvidos. Por isso os sons e visões desta terra nos fatigam. Contigo morremos, contigo ressuscitamos, contigo nos assentamos em espírito nas regiões celestes e agora aguardamos a consumação, quando nossa posição se tornará uma realidade ainda mais tangível. Nossa pátria está nos céus.
És o nosso destino e o destino daqueles que morreram em ti e agora repousam no pó da terra. Não se findou a jornada, não terminou o deserto, escoa ainda a areia na ampulheta da vida. Terminará, porém, quando soar a trombeta, o arcanjo lançar seu brado e o Senhor descer do céu para fazer ouvir sua voz aos seus vivos e seus mortos. Então os corpos mortos serão revividos e os corpos vivos serão transformados. O corruptível se tornará incorruptível e o mortal será absorvido pela Vida. Estaremos definitiva e eternamente contigo.
Não permita Senhor, jamais, que tua igreja cesse de proclamar tua vinda, se deixando encantar pelos encantos transitórios deste mundo. Que nossas vitórias não nos derrotem e nossas bênçãos não nos ceguem, a ponto de acharmos que é possível receber aqui toda parte que nos cabe. Renova em nós o Maranata! Faz-nos sonhar com as coisas celestiais, embriaga-nos com o que é eterno.
Prepara-nos, Senhor! Não queremos ser envergonhados por ti em tua vinda. Não queremos ser encontrados sem azeite e nem com o talento que nos deste enterrado nas entranhas da terra. Queremos ser servos que esperam pelo seu Senhor, noivas apaixonadas cujos corações aceleram com a voz de seus noivos. Não sabemos quando virás, Senhor. Por isso preparara-nos!
É tão difícil esta espera, Senhor. Quantos já não dormiram, quantos não desistiram de esperar, quantos já abandonaram teu sagrado rebanho e agora erram pelas covas da terra e por pedregais áridos e ressequidos. Quantos desaprenderam a olhar para o alto, a esperar a redenção de seus corpos e agora só conseguem ver falhas e erros em tua casa. Perderam já a visão celestial. E alguns, tão abençoados que foram, esqueceram já o Abençoador. A tal ponto amaram a dádiva que esqueceram o Doador.
Não permita, Senhor que a tua Igreja esqueça seu papel de peregrina. Não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura. Levanta arautos e proclamadores de tua vinda, que não nos deixem esquecer que tu virás na hora em que não pensamos.
Não nos deixe esperar passivos. Ensina-os a esperar em movimento. Enquanto aguardamos te agrademos. Enquanto esperamos proclamemos tua palavra, amemos o nosso próximo, expandamos o teu reino. Que a nossa espera nos mova e não nos paralise; nos impulsione e não nos acomode. Que tua vinda nos encontre com os joelhos no chão, com sementes nas mãos, com espadas em punho, com candeias a brilhar.
Queremos cada dia amar mais a tua vinda e apressá-la. Pois quando vieres tudo mudarás. Então veremos face a face. Então conheceremos a ti como tu conheces a nós.
Que assim seja, Maranata!