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Tribulações e a Grande Tribulação

Por Eguinaldo Hélio de Souza

…e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. (Daniel 12.1)

“Defina seus termos”, dizia Voltaire antes de seus debates. Ele sabia que termos indefinidos e vagos dificultam o entendimento, pois muitas vezes duas pessoas usam o mesmo rótulo com conteúdos diferentes. Pensam estar falando da mesma coisa quando na verdade só estão fazendo isso aparentemente.

Quando dizemos acreditar que a Igreja de Jesus não passará pela Grande Tribulação muitos se levantam dizendo que ela precisa da tribulação para se purificar. Que no estado em que ela se encontra só a tribulação pode purificá-la. Que a perseguição foi predita por Jesus, e, portanto, devemos esperar tribulações. Isso significa que a Igreja deve passar pela Grande Tribulação.

Pensar deste modo é confundir os termos e não distinguir as situações. Precisamos entender a natureza das tribulações e a natureza daquilo que foi denominado “Grande Tribulação”.

Sim, nós vamos sofrer perseguições. Tanto individuais quanto coletivas. Por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus, disse o apóstolo Paulo (Atos 14.22). Quando os discípulos perguntaram a Jesus sobre os sinais que indicariam a sua vinda e fim do mundo, Ele lhes falou de perseguição (Mateus 24.9). Mesmo nas cartas do Apocalipse Jesus falou à igreja de Smirna que eles teriam uma perseguição de dez dias (Apocalipse 2.10).

Quando olhamos para a história da Igreja não temos dúvida dessa realidade. A Igreja de Cristo tem sempre passado perseguições em lugares diferentes, em épocas diferentes, por motivos diferentes. Enquanto escrevo estas linhas, há cristãos perseguidos no mundo islâmico, bem como nos países que restaram do ordem comunista. Nesses lugares a Igreja sobrevive nos subterrâneos.

Foi assim nos três primeiros séculos da Igreja no Império Romano. Foi assim após a Reforma Protestante. Foi assim no século XX sob os governos comunistas. Tem sido assim ao longo da história.

Entretanto, aquilo que denominamos “Grande Tribulação” é muito mais do que uma mera perseguição à Igreja. É um período distinto na história do mundo, um período de ira divina. Daniel o descreveu como “um tempo de angústia qual nunca houve” (Daniel 12.1). Jesus foi ainda mais enfático. Sua descrição foi “porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais” (Mateus 24.21). Logo, este momento histórico é inigualável. Jamais se repetirá. Mesmo porque, este período também é o derradeiro, pois logo depois desses dias se seguirá o retorno de Cristo (Mateus 24.29, 30).

Ainda por duas vezes no livro do Apocalipse nós temos referência a este período, como um período distinto. A primeira menção se encontra na carta à Filadélfia, onde o Senhor diz: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre todo o

mundo, para provar os que habitam na terra” (Apocalipse 3.20). Vemos então que este período é um período de tribulação mundial.

E a última referência direta nós temos em Apocalipse 7.13, 14: “E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”.

Todas essas passagens demonstram que falar da Grande Tribulação não é o mesmo que falar de tribulações. Houve e haverá sempre perseguições para a verdadeira Igreja de Jesus. Mais intensas e menos intensas. Mas a Grande Tribulação está dirigida a “todos os que habitam sobre toda a terra” (Apocalipse 3.10) e não se destina à Igreja apenas.

Esta distinção é o primeiro ponto a se levar em conta se queremos compreender a natureza da Grande Tribulação.

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