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Jean Jacques Rousseau e o Milênio

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Este mundo anseia por um governo perfeito. Nem mesmo a democracia satisfez essa necessidade. A queda levou sua imperfeição até, ou principalmente, para o âmbito político. A expectativa pelo governo messiânico é uma expectativa legítima. Querer o que deveria ter sido faz parte do sentimento escatológico. E essa expectativa faz parte da esperança messiânica.

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do incremento deste principado e da paz, não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar em juízo e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto. (Isaías 9.6, 7)

Sim, há uma busca no coração do homem por alguém que possa governar em verdade e em justiça. Vamos encontrar eco desse desejo em Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778), teórico político que influenciou a Revolução Francesa e a democracia moderna.

Em sua obra Do contrato social ele descreveu o que seria um governante perfeito.

Para descobrir as melhores regras de sociedade convenientes às nações, far-se-ia preciso uma inteligência superior que visse todas as paixões e não provasse nenhuma; que não tivesse nenhuma relação com nossa natureza e a conhecesse no íntimo; cuja felicidade fosse independente de nós, e que, portanto. quisesse ocupar-se da nossa; enfim que, no progresso dos tempos, procurando-se uma glória longínqua, pudesse trabalhar em um século e usufruir em um outro. Haveria necessidade de deuses para dar leis aos homens. (JEAN JACQUES ROUSSEAU, Do contrato social, Livro II, VII – Do legislador)

Quando olhamos para esse texto e o comparamos com Jesus, não resta dúvida de que Rousseau, inconscientemente, pensava Nele como o regente perfeito. Cada descrição, cada detalhe, reflete ao Senhor e seu governo futuro sobre este mundo.

Uma inteligência superior

Teremos na história alguém superior a Ele? Não tendo cursado qualquer universidade, nem escrito qualquer livro ou comissionado homens poderosos Ele influenciou o curso dos acontecimentos mais do que qualquer outro. Nele estão escondidos todos os tesouros do conhecimento e da ciência (Colossenses 2.3)

Visse todas as paixões e não provasse nenhuma

Parece que quando Rousseau escreveu estas palavras ele tinha a carta aos Hebreus diante de seus olhos. Sua perspectiva sobre esse governante perfeito exprime exatamente quem foi Jesus com relação às paixões humanas.

Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- 15 se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. (Hebreus 4.15)

Não tivesse relação com nossa natureza e a conhecesse no íntimo

Novamente, quando olhamos a descrição de Jesus no Evangelho de João e a forma como ele lidou com aqueles que o rodeavam, é muito fácil perceber que algo o distinguia dos demais seres humanos. Os que com Ele conviveram podiam perfeitamente atestar isso. Ele conhecia profundamente a natureza humana como ninguém mais.

E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem. (João 2.23-25)

Sua felicidade fosse independente de nós e quisesse ocupar-se da nossa

Porque Jesus fez o que fez só a graça pode responder. Porque deixar a glória eterna e se ocupar de uma humanidade rebelde só seu amor explica. Não era algo do reino da necessidade, mas do reino da voluntariedade. Jamais surgirá na história alguém que venha a agir de modo semelhante.

porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis. (2 Co 8.9)

No progresso do tempo procurasse uma glória longínqua

Aqueles que conheceram a sua grandeza gostariam que ele naquela ocasião tivesse derrotado os poderes políticos e criado um reino. Eles estavam prontos para isso. E apesar dessa grandeza, Ele mesmo disse que naquele momento o Reino Dele não era deste mundo… mas agora, o meu reino não é daqui (João 18.36). No entanto, Ele deixou bem claro que o futuro veria a sua glória… e vereis o Filho do Homem assentado à direita do poder de Deus e vindo sobre as nuvens do céu (Marcos 14.62)

Trabalhar em um tempo e usufruir em outra

É muito interessante ver Jesus em suas parábolas escatológicas deixar bem claro o que o futuro traria. Sua segurança no falar atestava que Ele não era um fanático messiânico como outros que vieram antes Dele e outros que viriam depois Dele. A serenidade com a qual Ele mostra a diferença entre sua primeira vinda e seu retorno se encaixa perfeitamente no pensamento de Rousseau.

Disse, pois: Certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois. (Lucas 22.12). Jesus partiu, assentou-se à destra da majestade nas alturas e então voltará para reinar.

Um “deus” e não um homem

Sim, Ele não era apenas “um deus”. Ele era Deus… e o Verbo era Deus (João 1.1) E seus inimigos perceberam que suas palavras de fato comprovavam isso. Rousseau não poderia ter uma conclusão melhor. Teremos o Deus Filho reinando neste mundo, o homem-Deus governando as nações com vara de ferro.

Rousseau, sem o saber, esperava o Milênio Messiânico. Nós esperamos conscientes das promessas das Escrituras.

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