Por Eguinaldo Hélio de Souza
“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade. Eu sou Deus e não há outro Deus. Não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam. Que digo: o meu conselho será firme, e farei toda minha vontade … porque assim o disse e assim acontecerá, porque o determinei assim se sucederá.” Isaias 46.9,10,11b
É importante afirmar, e afirmar expressamente que a profecia, nas Escrituras, é mais do que mera predição. A profecia é antes de mais nada o falar de Deus. Não é apenas que Deus predisse algo, mas que Deus falou. É a entrada da eterna voz do Eterno dentro dos limites do tempo.
Essa invasão, por sua vez, produzirá indubitavelmente seus amplos efeitos, como as ondas produzidas pela pedra lançada sobre a plana superfície do lago. Como a interromper sua calmaria apática e provocando movimentos bruscos, a palavra profética vai seguindo determinadamente sua marcha, perturbando a vontade de soberanos e nações. Nada a detém nem altera sua determinação. Nada a revoga ou adia. É rocha dura em contraste contra a água maleável do lago “Eu te pus hoje por cidade fortificada, e por colunas de ferro e por muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis de Israel, contra os seus príncipes; os seus sacerdotes e contra todo o povo da terra” (Jeremias 1.18)
Uma vez tendo feito a terra para o homem e uma vez que tenha confiado o Governo dela em suas mãos, não é muito que este, sua imagem e semelhança, viesse a ser o canal de sua palavra. Desta forma, o Deus presente em e ao mesmo tempo distinto de sua criação, utilizou-se freqüentemente do espírito humano para lançar dentro de nossa realidade as suas palavras que por sua vez haveriam de gerar a realidade de seus desígnios. Homens santos separados pelo e para o Deus vivo, fizeram e fazem estremecer até hoje ou caminhos dos homens. Ainda que, morreram a muito suas palavras inspiradas de forma alguma, antes ganham a cada dia vida e mais vida, materializando-se diante dos olhos da humanidade.
Astrólogos, cartomantes, quiromantes, bruxos e bruxas, tarólogos e numerólogos, videntes e profetas. Surgiram no cenário mundial e tem atraído um número cada vez maior de curiosos ávidos pelos seus prognósticos. Ganharam tal fama e tal importância, que uma indústria milionária se ergueu por trás deles. O sensacionalismo, aliado a corações e vidas inseguras, criou um movimento de destaque. A mídia por sua vez, encarrega-se de impor à sociedade tais indivíduos.
O seu número tornou-se tão grande e sua influência tão forte, que governantes modernos, à semelhança dos reis babilônicos , presidem ao povo sob sua orientação. Hoje, um simples telefonema coloca os interessados em contato com estas figuras. Seu prestígio aumenta cada dia.
Falta-lhes, porém, um Deus vivo, um Deus real. Falam da Mente Universal, mas esta mente parece desprovida de coração. Falam da Força Superior, da Força Cósmica, que nada tem em comum com o Deus Todo-Poderoso. Proclamam uma Nova Ordem Mundial, como se os eternos propósitos de Deus tivessem sido revogados. Surgiram ontem, julgando-se capazes de suplantar as declarações proféticas dos profetas bíblicos, que trazem ao seu favor o testemunho de séculos de milagroso cumprimento. Querem abafar com sua débil voz a Voz do eterno e lançar no vazio as profecias eternas.
A amplitude e a força de tais prognosticadores porém, jamais alcançará a palavra dos profetas. Nascida ali nas margens orientais do Mediterrâneo, as profecias bíblicas, mais do que um efeito local e temporal, avançou como a pedra lançada ao lago- em círculos concêntricos- crescendo em seu alcance, tornando suas previsões universais e abrangendo não um ou outro momento histórico, mas própria história em toda sua extensão.
Bem distintos dos magos e astrólogos da Babilônia, Egito ou Pérsia, os profetas eram portadores de uma mensagem sólida, universal. Sua palavra, ainda que atual para muitos a quem era dirigida, avançava no tempo, alcançando diversas vezes os caminhos da humanidade, colocando-a acima de qualquer movimento contemporâneo.
Singularmente, estas predições não se limitaram ao povo que a produziu, muito menos foi produzida por um dos grandes impérios da antiguidade. Limitados geograficamente a uma pequena faixa de terra entre o Mediterrâneo e o Jordão e historicamente pelas espadas dos Assírios, Babilônicos, Persas, Gregos e Romanos e sendo finalmente dispersos pela face da terra por quase vinte séculos, foi capaz de deixar uma marca tão grande e profunda no espírito dos tempos, uma marca tão inversamente proporcional à sua grandeza geográfica ou política.
Ao contemplarmos porém, a eficácia da palavra divina, não tomemos os pronunciamentos de Deus como um capricho. Justiça e Juízo são a base do Seu trono quando ele age e faz em retidão.
Muitas tragédias como a de Tiro e Sidom, como a de Nínive, como a de Babilônia, poderiam ter sido evitadas se os homens simplesmente se voltassem a Deus e ouvissem suas advertências. Quando lidamos com a Palavra de Deus lidamos com o próprio Deus. E quando lidamos com Deus estamos lidando com um Ser pessoal, justo e amoroso e misericordioso. Ele usa de misericórdia quando encontra súplica e retém sua ira quando encontra arrependimento. Assim diz Deus: “No momento em que eu falar contra uma nação, e contra um reino para o arrancar, derrubar e destruir, se a tal nação, contra a qual falar, se converter de sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. Se em qualquer tempo eu falar de uma nação ou reino, para edificar e para plantar, se ela fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha dito lhe faria”(Jeremias 18.7-10)
Vemos, pois que a resposta do homem diante do que disse Deus teve e tem fundamental importância. O mundo e as nações, os reis e os reinos e os povos não podem ignorar as profecias Não desprezeis as profecias. (1 Tes.5.20).
E a história é a maior testemunha disso, pois o Deus da profecia é também o Deus da história.