Por Eguinaldo Hélio de Souza
“E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono, pois a nossa salvação está agora mais perto de nós, do que quando aceitamos a fé” (Rm 13.11)
Pode ser agora. Pode ser daqui a alguns instantes. Pode ser daqui a uma hora, amanhã, na próxima semana ou no próximo mês. Ou talvez não seja possível nem mesmo você terminar de ler este artigo. “O Filho do Homem virá, na hora em que não penseis” (Mt 25.44). Jesus está voltando!
Mas na maioria das vezes nós, verdadeiros cristãos, planejamos, prevemos, plantamos, construímos e vivemos como se vinda de Cristo fosse um fato remoto, longínquo, que não vale a pena ser levado em conta dentro de nossos planos. Todavia, bem pode ser que dentre os muitos que hoje estão vivendo no Senhor, hajam noivos que não contrairão núpcias, vestibulandos que não se formarão, agricultores que não comerão da semente que plantaram, nem morarão na casa que edificaram, nem desfrutarão aqui dos filhos que recém nasceram. Bem pode ser nem mesmo esta matéria eu consiga terminar. O tempo se abrevia (1 Co 7.29).
Não estamos falando de uma ficção tirada de algum livro ou de algum filme. Estamos falando de uma promessa bimilenar, dita por alguém que não pode mentir. “… virei outra vez e vos levarei para mim mesmo…” (Jo 14.3). Estamos falando de NOSSA ESPERANÇA! Que não é de modo alguma uma vida próspera e abundante nesta Terra, que não é uma igreja grande, que não é nem mesmo o cumprimento de promessas individuais e específicas. Nossa esperança é bem maior do que isto – é a vinda do Senhor Jesus nos ares para buscar sua Igreja. Todos os nossos anseios, todos os nossos planos, todas as nossas esperanças precisam estar alinhados com esta GRANDE ESPERANÇA, subordinadas à convicção de que tudo pode ser cessado à qualquer hora, para dar lugar ao próximo evento mais importante da História – o retorno de Jesus a este mundo.
“Pois o mesmo Senhor descerá do céu com grande brado, soada a voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1 Tess 4.16,17). “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta. Porque a trombeta soará , e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52)
Daquele dia e hora ninguém sabe… (Mt 24.36)
…E os que proclamam saber, enganam-se a si mesmo e aos outros. Nem mesmo dois mil anos de debates escatológicos, nem mesmo a enxurrada de literatura sobre o assunto que dispomos atualmente, nem mesmo os maiores escatólogos do mundo podem nos dizer “Quando”. Podem nos dizer O que, Quem, Como e Porque, mas este momento tão glorioso, que alimentou a força da Igreja desde os dias apostólicos até hoje, permanece oculto no propósito de Deus, restando-nos apenas vigiar e orar.
As inúmeras tentativas de predição foram frustradas, porque se assim não fosse não seríamos nunca como servos que esperam pelo seu senhor, mas mordomos relaxados que deixariam para arrumar à casa apenas alguns minutos antes do retorno de seus amos. Aprouve à Deus tornar alerta seu povo, mediante a perspectiva de um retorno iminente.
SINAIS DOS TEMPOS
“Mas Jesus lhes respondeu: Chegada a tarde dizeis: Haverá bom tempo, pois o céu está avermelhado. E, de manhã: Hoje haverá tempestade pois o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis interpretar a face do céu e não conheceis os sinais dos tempos” (Mt 16.2,3)
Há uma certa severidade em Jesus ao dizer estas palavras. Isto porque, embora a esperança da vinda do Messias tivesse séculos, era necessário que os escribas e fariseus, conhecedores das Escrituras, discernissem que a situação era diferente e que sua era estava apta a receber o Esperado. Hoje nós sabemos que se tratava da época apropriada. Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho…” (Gl 4.4). Mesmo o historiador céptico Edward Gibbons reconheceu que aquele período era ideal para o nascimento de Cristo “Tem sido observado com verdade, bem como com propriedade, que as conquistas de Roma prepararam e facilitaram as conquistas do cristianismo (…) Nós temos tentado explicar de que modo as províncias da Europa, da Ásia e da África foram unidas sob o domínio de um soberano e gradualmente conectadas pelos mais íntimos laços de leis, costumes e de linguagem. As estradas públicas que tinham sido construídas para uso das legiões, abriram fácil passagem para os missionários cristãos de Damasco a Corinto e da Itália à extremidade da Espanha ou Bretanha. Estes conquistadores espirituais não encontraram qualquer obstáculos que geralmente retarda ou impede a introdução de uma religião estrangeira em um país distante” (Edward Gibbon, Decline and Fall of Roman Empire, Vol I, cap. 15,p. 201)
Claro que não podemos saber o tempo em que Jesus voltará. Mas podemos reconhecer os sinais dos tempos. Nós não podemos fechar os olhos ao fato de que a Bíblia está repleta de o profecias descritivas sobre o futuro e mesmo que haja grande diversidade nos detalhes, as linhas gerais podem ser identificadas. Existem muitos fatores em nossa época que foram comuns em toda a História mundial, como fome, guerras e doenças. Outros porém são características exclusivas de nosso tempo e não podem deixar de ser confrontados com a Palavra de Deus. “Não desprezeis as profecias (1 Ts 5.20 ).
O DESENVOLVIMENTO DA ESCATOLOGIA
“Segundo o teólogo James Orr observou, cada doutrina das Escrituras, cada área específica da teologia, recebeu ampla atenção em determinado período da História da Igreja. O século II cuidou da apologética, os séculos III e IV cuidou da doutrina de Deus, o século V com o homem e o pecado, do V ao VII com a pessoa de Cristo, nos séculos XI a XV com a expiação e no século XVI com a aplicação da salvação. Se assim for, podemos dizer que nosso período é a era escatológica.”
O século XX presenciou uma concentração muito grande no estudo da escatologia, que já havia tido início no século XIX. Nunca se estudou tanto escatologia quanto agora. Jamais a Igreja se debruçou tantas hora a fio sobre este assunto. Assim como no passado mentes brilhantes se preocuparam em definir a doutrina de Deus, do pecado, de Cristo, da salvação, etc., do mesmo modo agora homens de grande capacidade tem gasto sua energia para extrair das Escrituras o que há de mais sólido quanto aos acontecimento do tempo do fim.
O estudo da escatologia é uma característica da Igreja nestes últimos dias. Mas não só isto. Um maior entendimento das profecias bíblicas também é uma característica dos tempos finais da Igreja de Cristo sobre a Terra. E isto não é nenhuma surpresa. Quanto mais próximo estiver o fim de todas as coisas, mais necessário se torna aos santos uma compreensão desse assunto.
As próprias Escrituras fornecem base para isto. O Livro de Daniel, escrito no quinto século a.C., contém inúmeras profecias sobre o tempo do fim. É quase uma História antecipada do mundo. É curioso o fato de Deus Ter dito a Daniel: “Mas tu Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até o fim do tempo” (Dn 12.4a). Enquanto Ele diz para o profeta Habacuque “…Escreve a visão e torna-a bem legível para que aquele que a ler corra” (Hc 2.2), ele dá ordens para Daniel deixar o livro selado ou seja, indecifrado até o tempo de fim. Depois no versículo 9 ele torna a repetir: “Vai Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim”.
A grande torrente de estudos, palestras e livros que têm surgido nada mais são do que o cumprimento das palavras acima. Era da vontade de Deus que seus mistérios revelados à Daniel ficassem guardados até o tempo oportuno. Estamos no kairós de Deus para compreensão das escatologia. “Muitos o esquadrinharão (o livro de Daniel) e o saber se multiplicará” (Dn 12.4b ARA). Não é isto que testemunhamos em nossos dias ? Homens santos, consagrados a Deus e à Sua Palavra, têm esquadrinhado e explicado estas profecias e visões. “…mas os perversos procederão perversamente e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12.10b)
Também ao profeta Jeremias foi prometido duas vezes uma maior luz sobre as suas profecias no fim dos dias. “No fim dos dias entendereis isto claramente” (Jr 23.20) e outra vez “Nos últimos dias entendereis isto” (Jr 30.24). Glória a Deus por isto !
Concluindo, pesquisar as profecias é estar dentro do plano divino para a Igreja. É algo correspondente ao seu momento histórico. Creio que cada vez mais, Deus estará utilizando seus mestres para mostrar aos seus servos a importância e as maravilhas proféticas de sua Palavra. Já no século XVIII afirmava o grande físico Sir Isaac Newton: “Perto do tempo do fim surgirão grupos de homens que voltarão sua atenção para as profecias e insistirão na sua interpretação literal, em meio a muito clamor e oposição”