“Ora, estando Josué perto de Jericó, levantou os olhos e viu que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua. Chegou-se Josué a ele e perguntou-lhe: És tu dos nossos, ou dos nosso inimigos ?” (Josué 5.13)
Os tempos modernos viram uma renovação no interesse pelos anjos. Livros e mais livros têm sido escrito sobre o tema, quase febrilmente. Mas as pessoas estão se envolvendo com anjos, sem se preocupar com que tipo de anjos estão lidando.
A grande questão é que quase tudo o que se tem escrito e ensinado sobre o tema, vem da literatura esotérica. Os adeptos da Nova Era têm fomentado este assunto em grande quantidade e milhares de pessoas estão tentando “descobrir” e “conhecer” seus “anjos”. Mais qual a origem destes ensinos sobre anjos ? Existe porventura alguma fonte, além das Escrituras Sagradas, que seja segura para o conhecimento a cerca dos anjos ?
A Bíblia é o único Livro divinamente inspirado que nos capacita a conhecer a cerca desses seres espirituais. Muitos tem caído em armadilhas satânicas, impressionando-se com “seres de luz” que são verdadeiros engodos: “E não é maravilha, pois o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Cor 11.14).
É chegada a hora de expor estes falsos ensinos, sob a perspectiva de Deus.
1. Culto a anjos
“Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostei-me aos pés do anjo que me mostrava essas coisas, para adorá-lo. Então ele me disse: Olha, mão faça isso ! Sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas e dos que guardam a palavra deste livro. Adora a Deus.” (Apoc 22.8,9)
Velas acesas, invocações a anjos, comunicação com os mesmos, e toda a sorte de práticas tem sido incentivado para que os homens tenham ajuda de seus anjos. Mas todas estas atitudes não correspondem às atitudes corretas com relação aos anjos. Somente há um único ser em todo o Universo que deve ser adorado.
“…um culto oficial a anjos é especificamente um fenômeno cristão (católico). A hesitação inicial [de cultuar aos anjos] geralmente desapareceu nos tempos de Agostinho, quando o cristianismo parecia não estar muito longe do perigo de uma infiltração pagã ou de uma falsa interpretação pagã ou idólatra. Foi especialmente o arcanjo Miguel, o poderoso guerreiro, quem primeiro atraiu devoção…” (Encyclopédia Britannica, volume 1, 1969, verbete “Anjo”).
Como vemos, a angelolatria tem sido praticada pela Igreja Católica há muitos séculos, mas atualmente este falso culto tem se espalhado e não está restrito apenas ao catolicismo. Há todo um culto popular, bem como algum tipo de doutrinamento por parte da Nova Era para o envolvimento com os chamados anjos. Mas a palavra de todos os anjos é a mesma do anjo de Apocalipse “Adora a Deus !”
2. Jesus como um anjo
“E ouvi toda criatura que está no céu (anjos)…dizer: Ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Apocalipse 5.14)
Em seu livro Raciocínio à base das Escrituras, p. 219, a Sociedade Torre de Vigia escreve: “Portanto, a evidência indica que o Filho de Deus, antes de vir à terra, era conhecido como Miguel, e também é conhecido por esse nome desde que retornou ao céu, onde reside como o glorificado Filho espiritual de Deus”
Este raciocínio é completamente sem base nas Escrituras. Miguel é identificado na Bíblia como um arcanjo (Jd 9), isto é, chefe de anjos. Isto o coloca na mesma categoria dos anjos. Mas sobre Jesus a Bíblia diz:
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Nele foram criadas todas as coisas, visíveis e invisíveis, incluindo Miguel (Col 1.16)
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Os anjos não foram gerados e sim criados. Mas Jesus foi gerado eternamente (Hb 1.5; 7.3)
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Miguel, como anjo, deve adorar a Jesus (Hb 1.6)
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Deus jamais permitira que um anjo se assentasse à sua direita, como fez com Jesus (Hb 1.13)
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Não foi a anjos que Deus sujeitou o mundo vindouro, mas à Jesus (Hb 2.5)
Somente uma seita maligna como esta poderia estar rebaixando Jesus à categoria angélica. Afirmar que “o nome que está acima de todo o nome” (Fil 2.9) é “Miguel”, só pode ser classificado como heresia no mais alto grau, para não dizer blasfêmia.
3. Anjos trazendo evangelho
“ Por volta do ano de 1827, noutra visão, Joseph Smith recebeu uma mensagem divina que havia sido escrita em placas de ouro, em hieróglifos. Segundo o próprio Smith, apareceu-lhe o “anjo” Moroni, que segundo fez crer, havia vivido naquele região há uns 1.400 anos. Seguindo o relato, o pai de Moroni, um profeta, havia gravado a história do seu povo nestas placas. Quando estavam a ponto de serem exterminados por seus inimigos, Moroni teria enterrado essas placas ao pé dum monte próximo do local onde hoje é Palmyra. Nesta visão, Moroni teria indicado a Smith o lugar onde as placas teriam sido escondidas e lhe deu umas pedras especiais, um certo tipo de lentes, chamadas de “Urim” e “Tumim”, com as quais Josph Smith poderia decifrar e traduzir os dizeres dessas placas. Smith traduziu e publicou (1830) o texto, recebendo o título de “O Livro de Mórmom”"
Este é a origem do evangelho pregado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, ou Igreja Mómon, como é conhecida. É um “outro evangelho” entregue por um anjo. Nada pode ser mais contrário à Bíblia do que isto. O apóstolo Paulo foi bem enfático ao escrever aos cristãos da Galácia: “Mas ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu , vos anuncie outro evangelho além do que vos tenho anunciado, seja maldição (Gal 1.8). Logo, todo o sistema mórmon não passa de uma maldição com roupagem cristã. Deus confiou a homens a missão do Evangelho, e nenhum anjo tem permissão para pregá-lo (1 Pedro 1.12), muito menos anunciar outro Evangelho.
4. Anjos como estágio de evolução espiritual
Além do erro de aceitar outro evangelho de um suposto anjo, há um segundo erro com relação aos anjos, existente nos ensinamentos mórmons. Em sua narração ele diz que “ apareceu-lhe o “anjo” Moroni, que segundo fez crer, havia vivido naquele região há uns 1.400 anos. Seguindo o relato, o pai de Moroni, um profeta, havia gravado a história do seu povo nestas placas..” Afinal, Moroni era um homem ou um anjo ? No mormonismo, os homens evoluem até o estado de Deus. Anjos são um estágio dessa evolução (como foi o caso de Moroni, que havia vivido naquela região como homem quatrocentos anos antes)
Em nenhum lugar das Escrituras é dito que os anjos são evolução dos seres humanos. Estas são duas classes de seres distintas, criadas separadamente (Colossenses 1.16). Os anjos são espíritos ministradores (Hebreus 1.14). Os homens foram criados do pó da terra à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26,27).
A crença popular de que as crianças que morrem se tornam anjos, também não tem qualquer fundamento bíblico. É pura superstição. Esta figura de “anjinhos” semi-nus proveniente da arte Renascentista, que por sua vez é baseada no cupido pagão e não tem origem em fontes cristãs (Encyclopédia Britannica, volume 1, 1969, verbete “Anjo”).
Convém notar que quando em Mateus 22.30 Jesus diz que na ressurreição os homens serão como os anjos de Deus no céu, não está dizendo no sentido completo, mas apenas no que se refere ao casamento, que era a questão em pauta com os saduceus. Assim seremos “como os anjos” em certos aspectos e não “anjos” em sentido completo, pois não foi a eles que Deus sujeitou o mundo futuro (Hb 2.5)
5. Anjos da guarda para todos
“Cada pessoa tem seu anjo”, pode parecer bonito, mas não é bíblico, e portanto, não é verdadeiro. A história do rico e de Lázaro, contada por Jesus em Lucas 16.19-31 nos dá um detalhe sobre isto. Ao morrerem é dito que Lázaro foi “levado pelos anjos para o seio de Abraão” (v. 22). Do rico é dito que “morreu e foi sepultado e no Hades…” (v. 22,23) Não existe a referência a anjos. Em Hebreus 1.14 o ministério angélico é restrito àqueles que “hão de herdar a salvação”, o que obviamente excluiria os perdidos. Se este ministério começa mesmo antes da pessoa comprometer-se com Deus, não nos é dito.
Também o texto do Salmo 34.7 restringe o ministério protetor dos anjos aos que “temem ao Senhor”, o que não é a condição de todas as pessoas. Sendo assim, mesmo que não seja possível precisar quando e como começa a proteção angélica na vida de alguém, é bem claro que ela não se estende incondicionalmente a todas as pessoas.
Temos ainda o texto de Mateus 18.10 que parece declarar uma proteção angélica especial às crianças. Mas não podemos ignorar que as crianças em seu estado de inocência são parte do reino de Deus ( Mateus 19.14)
6. Comunicação com anjos
As Escrituras, desde Gênesis até Apocalipse, está repleta de relatos de anjos contactando homens. Mas não há sequer um relato de homens contactando anjos. (Josué 5.13; Lucas 1.11). Todas as vezes que os homens foram visitados por anjos e receberam instruções deste, foi involuntário. Os servos e servas de Deus que receberam a visita de anjos, as receberam não porque pediram, mas porque Deus assim o ordenou (Atos 27.23,24).
Querer agir fora deste padrão, é extremamente perigoso. É realizar uma ação não endossada pelas Escrituras e portanto uma pessoa que assim o faça fica aberta à ação de espíritos malignos.
É necessário provar os espíritos. Se assim tivesse feito Joseph Smith e tantos outros que basearam suas doutrinas na revelação de anjos, o mal e o engano não teriam sido semeados com tanta facilidade. “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus..” (1 João 4.1)
7. Angeocentrismo
Nos últimos tempos a música evangélica tem estado excessivamente permeada pelo tema “anjos”. Inclusive um maiores sucessos, plagiado pelo padre Marcelo, exalta de forma nada ortodoxa a ação dos anjos. Entre outras coisas a música diz que “quando os anjos passeiam a Igreja se alegra, ela pula, ela grita, ela chora e congrega, enfrenta o inferno e expulsa o mal”. De uma forma discreta, o foco do culto é retirado do Senhor Jesus Cristo (que aliás nem é citado) e direcionado para os anjos. Ao invés da ação fortalecedora do Espírito Santo dentro da Igreja, é a classe angélica responsável por uma ação eficaz. Em muitos cultos os cristãos são exortados à esperar a cura do anjo, a sentir o anjo, a receber a bênção da mão do anjo. Isto são efeitos de um louvor não centralizado em Deus.
Ser teocêntrico e cristocêntrico, tanto na fé quanto na prática cristã, é vital para a sobrevivência e até para o avanço do verdadeiro Cristianismo. “Pois nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Corintios 2.2) O contrário gerou e continua gerando inúmeras seitas e segmentos pseudo-cristãos. Um desses grupos fala em “Brincar de rodas, com anjos, arcanjos e querubins”, numa referência também nada ortodoxa ao relacionamento dos cristãos com os anjos na eternidade.
Não devemos apagar, esquecer e ocultar o ministério angélico. Mas colocá-lo no centro de nossa adoração é correr riscos sérios.
8. Crentes mandando em anjos
Por fim, resta ainda esclarecer um ponto bastante sutil, que tem influenciado certos comportamentos com relação aos anjos que não possui respaldo bíblico.
Anjos sempre agiram, quando os homens clamaram ao Senhor. Deus é chamado de “o Senhor dos Exércitos”. Quando um crente tenta comandar anjos, dando-lhes ordens, ele está querendo tomar o lugar do único Senhor dos Exércitos. O próprio Jesus, como estivesse na condição de homem não glorificado, iria rogar ao Pai para que este enviasse anjos (Mateus 26.53). Em nenhum lugar das Escrituras, seja no Antigo ou Novo Testamento os homens são exortados a pedir ajuda a anjos, mas sim ao Senhor, mesmo que isto resulte em intervenção angélica. Os anjos só executam as ordens de Deus (salmo 103.19-21).
9. Confiar que basta ser um anjo para ser bom
Muitos que não conhecem a Palavra de Deus não sabem que anjo, não é sinônimo de “espírito bom”. A palavra anjo designa uma classe de seres espirituais criado por Deus. Todavia, parte desse grupo foi banido dos céus e passaram a seguir Satanás (Apocalipse 12.7), logo trata-se de anjos malignos que embora possam passar por anjos de luz (2 Cor 11.14) só tem por objetivo prejudicar os homens (2 Cor 12.7)
Portanto, o grande incentivo dado nestes dias atuais para se relacionar com anjos, está lançando muitos que não tem discernimento a um envolvimento com “anjos malignos”.
A Igreja do Senhor Jesus Cristo não deve deixar-se envolver pelos modismos dos que estão de fora, mas deve instrui-los sobre o verdadeiro ensino bíblico sobre os anjos.