Por Eguinaldo Hélio de Souza
As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos falsos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. (2 Coríntios 10.4, 5)
Hermann Auguste Franke (1663 – 1727), o grande líder pietista do século XVII resumiu em doze palavras um plano para alcançar todas as nações com a verdade salvadora. Esse plano começava com o indivíduo e terminava com a evangelização do mundo. Suas palavras foram:
“Uma vida transformada, uma igreja reavivada, uma nação reformada, um mundo evangelizado”.
Assim, cada pessoa que tem uma experiência real com Cristo se torna instrumento para o fortalecimento da Igreja, que por sua vez deve produzir uma mudança nacional e por fim, o alcance mundial do Evangelho. Este é o percurso esperado para o Evangelho e seus efeitos.
Esse seria o percurso natural da Palavra, caso não encontrasse inúmeros pontos de atrito em sua jornada. Infelizmente, este mundo decaído está repleto de pontos de atrito que impedem um avanço livre da verdade do Evangelho. Dentre os diversos tipos de atritos temos as ideologias, sejam elas de inspiração humana ou diabólica. Elas concorrem com a Palavra de Deus na conquista dos corações e das mentes. Por isso se tornam mais do que barreiras. Tornam-se inimigas ferozes do Evangelho.
A Igreja de Cristo, do Pentecostes até hoje, está bem perto de completar dois mil anos de história. De Jerusalém aos confins da terra, os desafios que ela enfrentou não foram apenas geográficos. Desde o berço, não poucas filosofias surgiram, opondo-se às verdades reveladas. Gnosticismo, arianismo, romanismo, iluminismo, positivismo, islamismo, etc são apenas alguns dos muitos “ismos” que ela teve de enfrentar. A Igreja sempre precisou abrir caminho em sua marcha de evangelização mundial.
O século passado viu surgir o comunismo, que dominou quase um terço da humanidade e aonde ele chegou a Igreja conheceu a dor e o sofrimento. Todavia, antes de ser uma realidade política, o comunismo, conforme proposto por Karl Marx, foi uma proposta filosófica. E o conteúdo dessa proposta não era apenas diferente do cristianismo. Era inimiga do cristianismo. Por esse motivo, onde as ideias de Marx foram implantadas, a Igreja foi perseguida. O sangue dos mártires cristãos foi abundantemente derramado sobre o solo onde antes fora semeada a semente do marxismo.
Mas o marxismo não morreu com o muro de Berlim (1989) ou com a queda da União Soviética (1991). Pelo contrário, tornou-se mais forte porque assumiu por alvo, através de novos teóricos, conquistar primeiro a mente das pessoas para depois conquistas as vidas das nações por inteiro. É o chamado marxismo cultural. E nesse processo, sem dúvida, cristianismo e marxismo entram em choque. Por quê? Porque suas bases são completamente diferentes.
No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da Providência Divina o materialismo dialético. Ao invés de um ser criado à imagem e semelhança de Deus, um primata evoluído cuja essência é o trabalho, o homo economicus. O pecado é a propriedade privada, o efeito do pecado, simplesmente a opressão social. O instrumento coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja, mas o proletariado, que através da ditadura de
um Estado “redentor” conduziria o mundo a uma sociedade sem classes. E o resultado seria não os novos céus e a nova terra criados por Deus, mas o mundo comunista futuro, onde o Estado desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo conflito se transformará em harmonia. Está é a fé marxista, um evangelho que não admite rival, pois assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, duas crenças igualmente salvadoras não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o marxismo real.
Muitos movimentos como o feminismo radical e a ideologia de gênero têm encontrado apoio nas teses marxistas. O apoio que recebem tem por finalidade comprometer os valores tradicionais da nossa sociedade.
Quando o marxismo é ensinado nas universidades, nele vem embutido o ateísmo, o materialismo, o relativismo. Valores como ética, família, trabalho, respeito à ordem, são questionados e atacados. Não é a toa que muitos jovens têm entrado nas universidades como cristãos confiantes e têm se tornado verdadeiros rebeldes ateus. Nossa sociedade tem perdido cada vez mais seus freios morais e ideologias como o marxismo e outras semelhantes têm tido um papel de destaque nessa situação. Aqueles valores fundamentados na Palavra de Deus vão sendo substituídos por estas e outras ideologias destruidoras.
Nosso dever como igreja é ser “coluna e esteio” da verdade (1 Timóteo 3.15). A verdade de Deus é combatida e agredida por toda sorte de ideologia. Cabe a nós proteger nossa família, nossa igreja e nossa nação de falsos argumentos, expondo à falsidade dos mesmos à luz da Palavra de Deus.
Precisamos orar para que:
* Pessoas com temor de Deus ocupem os espaços na educação em geral e nas universidades em particular. Que essas pessoas tenham uma mentalidade bíblica e capacidade intelectual para confrontar essas ideologias destruidoras de forma clara e equilibrada.
* Que líderes cristãos possam compreender os perigos que rodeiam os jovens nas escolas e universidades. Que eles tomem conhecimento de tais perigos e desenvolvam programas capazes de prepara-los para enfrentar as ideologias
* Que nossos jovens possam ser bem preparados nas igrejas e cursos teológicos, de modo que não sejam presa fácil de pensamentos anticristãos que minam sua fé e seus valores.
* Que pessoas que hoje estão presas em ideologias ateístas e ilusórias sejam libertadas através da verdade da Palavra de Deus.
* Para que grupos que se dizem cristãos e se envolveram com os pressupostos do marxismo, arrependam-se e venham novamente à pureza da Palavra de Deus.