Por Eguinaldo Hélio de Souza
O que a Bíblia diz a respeito?
Nada. Exatamente isto. Nada. A ideia de seres de planetas mais evoluídos que visitam o nosso, seja para o mal ou para o bem, não tem nenhum espaço nas Escrituras. E toda tentativa de harmonizar a Bíblia e os OVNIs soará forçada e artificial.
A crença em OVNIs
Na maioria das vezes a crença em seres extraterrestres envolve dois grupos bem diferentes em suas concepções de mundo. Por um lado estão os ufólogos ligados à grandes correntes místicas da Nova Era, onde há toda uma subcultura esotérica fomentando e consumindo material sobre o assunto. No outro extremo, estão ateus e materialistas em geral, que partindo da ideia de que a vida humana é um produto do acaso, somado a milhões de anos de evolução, e, portanto, nada impede que o mesmo tenha ocorrido em outros planetas.
Há cristãos ufologistas, como há cristãos darwinistas. Sempre haverá. Isso não significa que sua posição tenha base bíblica ou que sua fé não esteja alimentando contradições. A crença e a busca por seres inteligentes fora de nosso planeta, tem sua origem e sustentação em visões darwinistas ou pseudo científicas, nunca na revelação divina.
Embora não exista nas Escrituras discussões diretas sobre os OVNIs, pois o assunto se populariza no século XX em diante, ela pode lançar alguma luz sobre o assunto.
Nem tudo o que reluz é disco voador
Primeiramente, a sigla OVNI vem de Objeto Voador Não Identificado, uma tradução do inglês UFO, Unidentify Flight Object. Designar certos fenômenos e objetos como não identificados não apresenta qualquer problema. A questão é identificar tais fenômenos com seres de outro planeta que estariam tentando fazer contato conosco. Nesse caso receberam uma identificação bem específica!
Apesar de tentativas como as do autor Erick Von Daniken de interpretar passagens bíblicas como fenômenos ligados à seres de outros planetas, não há qualquer consistência. As propostas de seu best-seller Eram os deuses astronautas?, já foram desmentidas. A Bíblia revela a existência de seres pessoais no universo além da raça humana, mas em nenhum momento atribui sua origem à planetas distantes. Eles são de outra natureza.
As Escrituras apontam para um conjunto de seres não físicos que circundam nosso planeta e se relacionam com os humanos. Eles, todavia, são identificados com os anjos decaídos. Eles são chamados de “postestades do ar” (Efésios 2.2), capazes de se “transfigurar em anjo de luz” (1 Coríntios 11.14).
As milhares de pessoas que alegam ter tido contato com “seres de outros planetas”, ignoram as informações e advertências bíblicas e se tornam alvos fáceis desses espíritos. A verdade é que mesmo alguns estudiosos sérios do fenômeno já perceberam o elemento espiritual nocivo por trás deles.
“Não creio que os OVNIs sejam simplesmente espaçonaves de alguma raça de visitantes extraterrenos. Essa noção é demasiado simplista para explicar sua aparência, a freqüência de suas manifestações através de toda a história registrada e a estrutura da informação trocada com eles durante o contato. (…) Grande parte da literatura sobre OVNIs está ligada de perto com o misticismo e a metafísica. Essa literatura trata de assuntos tais como telepatia, psicografia e entidades invisíveis; e também de fenômenos como manifestações e “possessões” de poltergeists (fantasmas). Muitos dos relatórios sobre OVNIs que estão sendo publicados na imprensa popular narram supostos incidentes surpreendentemente similares à possessão demoníaca e fenômenos psíquicos…” 1
De fato, identificar tais seres com os espíritos malignos descritos na Bíblia faz todo sentido. As possessões demoníacas e outros fenômenos similares possuem grande semelhança com os alegados contatos com extraterrestres. Optar por identificá-los com visitantes de outros planetas é fruto da ficção moderna e da rejeição da verdade revelada.
Deus não existe. Extraterrestres sim.
A incoerência é ainda maior quando a crença é encontrada entre ateus e materialistas. Estão convictos de que a probabilidade matemática garante a vida inteligente em outros planetas, mas escolhem ignorar que a mesma probabilidade revela uma Mente inteligente por trás do universo. Tendo negado tal Mente inteligente, só lhes resta “crer” que a soma do acaso mais tempo produziu as maravilhas da vida em nosso planeta, bem como a realidade do próprio ser humano.
Se isso aconteceu aqui, porque razão não pode ter acontecido também em um dos milhões de planetas espalhados no cosmo? Por que achar que somente nossa pequena poeira cósmica que chamamos de terra a vida haveria de se manifestar? Isso seria totalmente ilógico, pensa o ateu. Isso porque o evolucionismo tornou-se um dogma inquestionável, mesmo que seus frutos tenham se mostrado terríveis. De fato, existe o que podemos chamar de uma fé chamada ateísmo. Essa fé esconde, por exemplo, a relação entre Darwin e o nazismo, demonstrando que a crença evolucionista só pode produzir morte.
Todavia, o que não se leva em conta, é que as condições para o surgimento da vida em nosso planeta seriam impossíveis se não houvesse uma mente inteligente por trás delas, mente que eles negam existir. São tantos detalhes combinados que a possibilidade de que tenham surgido em um mesmo planeta como um resultado do acaso são ainda mais admiráveis do que a afirmação de serem frutos de um propósito. Os cientistas conscientes ficam pasmos diante dos inumeráveis fatores que se harmonizaram para possibilitar a vida na terra.
“O astrofísico Hugh Ross calculou a probabilidade de que essas e outras constantes — 122 ao todo — pudessem existir hoje em qualquer outro planeta no Universo por acaso (i.e., sem um projeto divino). Partindo da idéia de que existem 10²² planetas no Universo (um número bastante grande, ou seja, o número 1 seguido de 22 zeros), sua resposta é chocante: uma chance em 10¹³8 — isto é, uma chance em 1 seguido de 138 zeros! Existem apenas 10(70) átomos em todo o Universo. Com efeito, existe uma chance zero de que qualquer planeta no Universo possa ter condições favoráveis à vida que temos, a não ser que exista um Projetista inteligente por trás de tudo”.2
A fé de cientistas ateus na vida inteligente em outros planetas, mesmo sem qualquer prova, é apenas uma forma de compensar sua negação de Deus. Eles se empolgam com qualquer suposta bactéria em um meteorito, enquanto as evidências da inteligência divina em toda parte são ignoradas, não por causa da razão, mas dos sentimentos avessos a um Deus pessoal.
Não há provas concretas de inteligência em outros planetas. Os supostos contatos, avistamentos e fenômenos se ajustam muito mais às ações demoníacas descritas na Bíblia. Isso somado ao silêncio das Escrituras é suficiente para olharmos toda essa histeria com olhos bem diferentes do mundo
Os céus são os céus do Senhor. A terra Ele a deu aos filhos dos homens para nela habitar. (Salmo 115.16)
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1 Citado por John Weldon e John Ankerberg em Os fatos sobre OVNIs e outros fenômenos sobrenaturais. Porto Alegre: Chamada, 1992, pp. 28, 29
2 GEISLER, Norman e TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 204 p. 108