Por Eguinaldo Hélio de Souza
O Uruguai, país situado no extremo sul da América do Sul tornou-se oficialmente espírita em sua totalidade. Seus três milhões e quatrocentos mil habitantes estão envolvidos nas práticas de invocação de mortos e na crença da reencarnação, carma e outras semelhantes. O espiritismo nessa nação envolve todos os aspectos da vida da população. Filmes, livros, revistas, sites e uma série de outros elementos culturais fazem forte apologia do espiritismo. Desde cedo jovens e crianças são expostos aos seus ensinos e às suas práticas. Até mesmo áreas terapêuticas como a medicina e a psicologia são regidas por princípios derivados do espiritismo.
São inúmeras escolas, hospitais, clínicas, editoras, rádios e programas de TV bombardeando os uruguaios com a doutrina espírita. O número de instituições espíritas no país chega a 12.300, o que significa uma para cada 275 pessoas. São 180 instituições voltadas exclusivamente para a produção e divulgação da literatura espírita.
Sem dúvida nenhuma é um fenômeno religioso espantoso que atraí a atenção de vários pesquisadores de diversas partes do mundo.
O que a Igreja fará com respeito a isso? Será que não temos aqui uma urgência missionária? Não está a Igreja Brasileira fechando os olhos para esta realidade? Continuaremos ignorando a necessidade espiritual de nossos vizinhos? Não está na hora de acordarmos de nosso sono?
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Não, está notícia não é totalmente verdadeira, como você já deve ter percebido. E o problema é justamente esse: ela não é totalmente verdadeira, mas também não é totalmente falsa. E de certo modo, o fato verídico é ainda mais preocupante do que o enredo fictício. A intenção era apenas chamar sua atenção para um fenômeno religioso alarmante que nos rodeia tão de perto.
Sim, a população do Uruguai é de 3 milhões e 400 mil, mas não é composta por espíritas em sua totalidade. Por outro lado, o número de espíritas confessos no Brasil é de 3.848.876 conforme o senso do IBGE em 2010. Isso representou um crescimento de 5,5% em 10 anos. Um índice de crescimento maior do que de todos os outros grupos religiosos, inclusive dos evangélicos. Temos uma população de espíritas em nosso meio maior do que a população inteira do Uruguai. Se não podíamos ignorar isso em se tratando do Uruguai, não podemos ignorá-lo sendo um fato dentro de nosso próprio quintal.
A verdade é que todos os dados são verdadeiros e se aplicam a nós mesmos, população brasileira. A influência das instituições espíritas é exatamente esta que foi apresentada, de acordo com pesquisas estatísticas recentes. Não sentimos o peso total de toda essa influência porque ele está diluído em um país com dimensões continentais. Todavia, em números absolutos, temos mais que um Uruguai espírita em nosso meio.
E então, agora que o verdadeiro quadro foi apresentado, precisamos repetir as mesmas perguntas: O que a Igreja fará com respeito a isso? Será
que não temos aqui uma urgência missionária? Não está a Igreja Brasileira fechando os olhos para esta realidade? Continuaremos ignorando a necessidade espiritual de nossos vizinhos? Não está na hora de acordarmos de nosso sono?
Com certeza, se ao invés de uma população espírita diluída nós tivéssemos um país espírita conforme a descrição acima, então muitos já teriam sido incomodados pela urgência missionária. Projetos missionários teriam sido desenvolvidos, estratégias teriam sido apresentadas, ações efetivas já estariam em andamento há muito tempo. No entanto, o silêncio é total. Um campo missionário no nosso quintal permanece não apenas intocado, mas completamente desconhecido. Não é que ninguém faz nada para mudar esse quadro. Não é que ninguém diz nada a respeito desse “país” completamente não evangelizado. É que ninguém o vê e isso é o mais grave de tudo.
Será que para a tarefa missionária da Igreja, para a Grande Comissão existe diferença se o campo missionário está concentrado geograficamente ou não? Será que os espíritas não são dignos dos esforços missionários da Igreja somente porque não estão confinados dentro de limites espaciais definidos? Será que eles são menos dignos da visão missionária do que a Mauritânia, por exemplo, que possui uma população de 3 milhões de pessoas adeptas do Islã em sua totalidade?
Se o Evangelho bíblico é a única salvação, então é a única salvação também para esses quase 4 milhões de espíritas. Não podemos ficar indiferentes. Esforços missionários, evangelísticos e intercessórios precisam começar ser direcionados para este grupo religioso. Quem entrará diante do trono à favor deles?
Não estou falando que a Igreja do Brasil precisa começar a “atacar” a doutrina espírita. Não, nada disso. Estou dizendo que precisamos nos apaixonar por eles como muitos se apaixonam pelo Sudão, pela Índia, pela China ou por Guiné Bissau. Precisamos amá-los. Amá-los e orar por eles. Amá-los e desenvolver estratégias para alcançá-los com o verdadeiro amor de Cristo. Os espíritas geralmente são pessoas de excelente índole. Querem ajudar o próximo, querem ajudar as pessoas. E dedicam parte de suas vidas a isso. Não podemos continuar a ignorá-los dentro de nossa visão missionária. Não podemos mais excluí-los da tarefa missionária da Igreja.
Se não mudarmos nossa visão com relação aos grupos religiosos, nós continuaremos pisando frutos maduros em nosso quintal, enquanto caminhamos na busca de frutos incertos em terras distantes. Aqueles que foram chamados às nações que vão às nações. Os que ficarem precisam estar conscientes das inúmeras searas à sua volta. Além de levantar os olhos e ver as terras ao longe, também é necessário às vezes abaixarmos os olhos para contemplar os campos que estão perto. O Deus de longe também é o Deus de perto.
A realidade espírita no Brasil apresenta um chamado inequívoco. Se ninguém fizer algo, nada acontecerá. Deus está chamando pessoas com capacidade e desprendimento para amar, interceder, evangelizar e se dispor em favor da imensa comunidade espírita em nossa nação. Talvez você não possa fazer tudo sozinho, mas com certeza pode fazer a sua parte.
Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Como, pois, [os espíritas] invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue [a eles]? (Romanos 10.12-15)
(Este texto é parte integrante do meu livro UMA SEARA [QUASE] ESQUECIDA, lançado pela BETEL PUBLICAÇÕES)