Por Eguinaldo Hélio de Souza
Vivemos em tempos confusos onde muitos acreditam que a palavra “Deus” pode significar qualquer coisa, qualquer ser divino mencionado por qualquer religião. Seja Alá, divindade islâmica, seja Brahma, divindade hindu, seja a Força, Deus impessoal dos esotéricos, tudo se refere ao mesmo ser. Não importa se suas características não são apenas diferentes, são antagônicas, querem nos fazer crer que qualquer Deus é igual ao Deus das Escrituras. Nada mais falso, nada mais tolo, nada mais perigoso. Nosso Deus tem história, nosso Deus tem identidade.
Como disse Blaise Pascal, o Deus dos filósofos não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Embora possamos encontrar nos filósofos gregos e suas reflexões, referências aos atributos divinos que estão em harmonia com a definição dos atributos de Deus na Bíblia, não podemos encontrar na história dos gregos, a auto-revelação de Deus tal como a encontramos na história de Israel. Deus é quem Ele é, não é aquilo que a razão consegue compreender à seu respeito.
Sim, Aristóteles entendeu Deus como o Motor não movido, a Causa não causada, o princípio de toda existência. E Ele é isso. Mas isso não é Ele é apenas uma ideia à seu respeito. O filósofo estagirita jamais pensou Motor não movido, na Causa não causada como uma Pessoa Espiritual, Moral e Soberana ao qual ele deveria servir, amar e obedecer. Ideias corretas sobre a natureza de Deus não são Deus, são apenas ideias.
O Deus Desconhecido à partir do qual Paulo expôs o Deus Verdadeiro no Areópago era apenas uma ideia. E uma ideia correta sobre alguém pode nos conduzir a esse alguém, mas não é esse alguém. O Deus Verdadeiro permanecia para os gregos um Deus Desconhecido enquanto fosse apenas uma ideia sobre ele. Em outras palavras, aquele altar não era suficiente para sanar a ignorância que os sábios gregos tinham de Deus. Somente através de Cristo e das Escrituras eles poderiam conhecer Deus de fato.
Definitivamente, o Deus de Sócrates, Platão e Aristóteles, não é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.
Podemos até encontrar vestígios do Deus da Bíblia em outras religiões, mas o exato Deus da Bíblia só vamos encontrar na revelação que Deus fez de si mesmo na história de Israel, a começar no chamado de Abraão terminando com a encarnação do Verbo em um carpinteiro judeu. Querer comparar vestígios de Deus com o Deus exato é como acreditar que a imagem de um alimento saciará nossa fome.
Querem igualar Brahma com Yahweh, Buda com Cristo. Querer igualá-lo dessa forma equivale a diminuí-lo, ou mesmo anulá-lo. Crer em algo parecido com o Deus das Escrituras não é o mesmo que crer no Deus das Escrituras.
Ele não é Deus exclusivamente para os judeus. Mas foi à partir deles que ele se irradiou ao mundo. Não cremos apenas em Deus, mas em o Deus, um Deus bem específico. Se hoje o mundo inteiro pode falar em um único Deus, isso não se deu porque por si só os povos se tornaram monoteístas, refletindo e descobrindo Deus. Hoje o mundo fala em um Deus porque aqueles que o encontraram foram pelas terras e mares testemunhando do que Ele fez no passado e queria fazer no presente, manifestando ao mundo quem Ele é.
Quando aquele pequeno profeta, de um pequeno povo disse desde o nascer do sol até o seu poente será grande o meu nome entre as nações (Ml 1.11), não mais do que um punhado de pessoas acreditava em um Deus único. Embora muitos povos primitivos até tivessem uma vaga ideia de um Deus sobre todos os deuses, esse Deus único permanecia como que escondido e inacessível em meio à uma miríade de seres espirituais que Lhe roubava toda a glória.
Hoje grupos religiosos diversos desfilam pela mídia com a palavra “Deus” em seus lábios como se bastasse usar a mesma palavra para que se esteja se referindo ao mesmo ser. Da mesma forma como se usando o nome Maria estejamos nos referindo-se à mesma pessoa, com as mesmas características, com a mesma história. Mas sabemos que não é assim. Os mesmos termos nem sempre identificam a mesma pessoa.
Nosso Deus foi Aquele que abriu o Mar Vermelho e Ele não é Brahma. Ele foi Aquele derrubou as muralhas de Jericó e não é Alá. Ele foi Aquele que deteve a terra em seu giro e Ele não é a Força dualista do taoísmo. Ele se tornou homem em Cristo Jesus e Ele não é Krishna.
Nosso Deus não é um deus qualquer, não é um Deus genérico. Nosso Deus tem identidade. Ele é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus das Escrituras, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é exatamente esse e nenhum outro.