Por Eguinaldo Hélio de Souza
“Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras (Ap 2.20-23)
Grandeza, antigüidade, erudição, beleza, quantidade, sucesso – o catolicismo apresenta todos esses ingredientes como religião. Isto a torna respeitada e a opinião de seus representante tem grande peso diante do público em geral. Sem ser a religião oficial do Estado, ela é a religião oficial do Estado. Sem ser a Igreja verdadeira, ela é aceita pela população como a Igreja verdadeira e defende ser a única.
Mas uma vez que seu fundamento, ao menos em teoria, são as Escrituras Sagradas, nada nos impede de compará-la, como vem sendo feito desde a Reforma no século XVI, com as doutrinas fundamentais do cristianismo. Então poderemos ver a dicotomia evidente entre teoria e prática. Muitos dos seus ensinos chocam-se com os da Bíblia, numa clara manifestação de apostasia. Não importa o que se diga “A verdade de Deus continua firme tendo este selo. O Senhor conhece os que são seus e qualquer que professa o seu nome, aparte-se da iniquidade.
Dentre alguns desses ensinamentos, temos:
Veneração de Imagens
O primeiro e o segundo mandamento da lei são muito claros contra a idolatria, isto é, adoração de imagens (Êxodo 20.3-5). A Bíblia toda é repleta de advertências e descrições contra o culto a imagens de escultura (Salmo 115; Isaías 44; 45.20; 48.5). Mesmo o Novo Testamento não deixa de condenar a idolatria e a sua vaidade diante do verdadeiro culto a Deus (1 Ts 1.9; At 17. ; 1 Jo 5.21).
É claro que o Catolicismo busca se defender de vários modos, dizendo que estas imagens não são para adoração, mas só para lembrança e que Deus também mandou fazer imagens de anjos em ouro para colocar no propiciatório. Mas estas sutilezas teológicas não significam nada diante da grosseira idolatria praticada por católicos do mundo todo, que não usam as imagens para lembrança nem para ornamento, mas as cultuam como se elas fossem um deus. É só olhar ao redor e veremos isto claramente.
Veneração de Maria
É terrível imaginar que uma idolatria tão grosseira, baseada no antigo culto a deusas, possa Ter entrado no cristianismo. Através de Maria, o culto à Diana e a outras deusas tem se perpetuado na História, quando deveria Ter sido extinto com a divulgação da Palavra de Deus. A mariolatria, ou seja, a adoração e culto a Maria é um dos maiores sistemas religiosos do mundo. Muitas religiões não possuem o número de adoradores que existem neste culto, que tem proporções universais.
É incompreensível querer atribuir tanto prestígio à Mãe de Jesus quando nem mesmo ele agiu assim:
- Ele não a chamava de mãe, mas de mulher (Jo 4.4; 19.26)
- Os que a definiram como sua mãe ele fez questão de mostrar que seus familiares são os seus seguidores (Mt 12.46-50)
- Quando quiseram atribuir alguma honra a Maria pelo fato de Ter da a luz a Ele, fez questão de mostrar que há honra maior em obedecer a Deus (Lucas 11.27,28).
Veneração de Santos
Os santos substituíram os deuses e semideuses pagãos em suas funções. Foram-lhe conferido poderes especiais dentro de certas áreas, como ajudar os endividados, proteger os motoristas, arrumar casamento, etc. Mesmo que a Igreja Católica oficialmente diga que não aprova este tipo de coisa, na prática, o incentiva.
Os homens que verdadeiramente foram santos, geralmente recusaram qualquer tipo de adoração quando vivos, quanto mais que fossem cultuados quando mortos (Atos 10.25,26 ; 14.11-15). Só temos um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1 Tm 2.5). Qualquer coisa além disso é pura falsidade
Oração pelos mortos
Para agradar o povo, o catolicismo estabeleceu, como outras falsas religiões, a possibilidade de alguém mudar seu estado após a morte. Através de missas e outras cerimônias, a condição da alma de alguém já condenado, poderia mudar através de oração. Tal idéia é anti-bíblica.
A situação dos que morreram não salvos, já está definida, como vemos:
- Não tem parte no que acontece neste mundo, debaixo do sol (Ecles 9.5,6)
- Depois de sua morte, já segue seu julgamento (Hebreus 9.27)
- O poder de Jesus em perdoar pecados, é sobre a terra, e não depois (Mateus 9.6)
- Segundo a narrativa do rico e de Lázaro, é impossível uma mudança no estado que cada um se encontra após a morte (Lucas 15.16-31)
Purgatório
Nem a palavra, nem a idéia deste lugar existe nas Escrituras. Ele seria um estado intermediário entre o céu e o inferno, tanto intermediário no nível de sofrimento, quanto de tempo. Em todos os lugares onde a salvação é mencionado, só é descrito dois estados, ou de bem-aventurança ou de sofrimento eterno. (Mat 7.13,14; 25.46; Daniel 12.2)
As passagens utilizadas para tentar justificar esta doutrina antibíblica, como 1 Corintios 3. Por exemplo, nada mais fazem do que atestar que ela não tem fundamento. O fogo aqui não é para a pessoa mas para suas obras, e mesmo os que a utilizam sabe que ele não diz nada sobre purgatório. Trata-se de uma invenção e não de uma interpretação bíblica.
Tradição
Com tradição a Igreja católica se refere aos seus ensinos que não constam na Bíblia, mas que segundo eles devem ser praticados porque fazem parte da Tradição da Igreja e devem ser reverenciados com a mesma devoção que a Bíblia. Este posicionamento foi adotado no Concílio de Trento, que era o Concilia da Contra-Reforma. Esta foi uma maneira de responder aos Protestantes que indagavam pela origem de certas práticas católicas que não eram apoiadas pelas Escrituras.
Mas o próprio Jesus, já havia condenado os fariseus pelo mesmo motivo, anular a Palavra de Deus por causa de tradições humanas (Marcos 7.1-13). Seguir estas tradições não é obediência a Deus, mas mera servidão ao homem. Se a tradição tem o mesmo valor das Escrituras, então toda sorte de erros e desvios doutrinários pode ser sacralizado.
Celibato
O celibato como instituição obrigatória a todos os ministros católicos, é uma doutrina anti-bíblica e mesmo anti-natural. Jesus quando falou que alguns se tornam eunucos por amor ao reino, disse que nem todos podem receber esta palavra (Mateus 19.11,12). Paulo quando incentivou os corintios ao celibato, deixou claro que isto é um Dom que só alguns receberam (1 Corintios 7.6). E por fim chama a proibição do casamento de doutrina de demônios (1 Timóteo 4.1-3).
O catolicismo só não volta atrás em suas declarações, porque isto anularia sua “infalibilidade”. Todavia, ela está plenamente consciente dos males práticos que está doutrina causou para si mesma ao longo dos anos e que na prática ela não funciona de modo algum.
Papado
O papado é fruto de uma evolução histórica, onde o bispo de Roma foi progressivamente tomando o poder que pertencia aos Césares Romanos. Depois criou-se a doutrina da sucessão apostólica e do primado de Pedro para justificá-lo. Mas não existe qualquer vestígio do modelo de liderança exercido pelo papa na Igreja Primitiva, conforme os registros do Novo Testamento.
Exceto pelo início da Igreja, onde sua liderança foi expontânea, ele nunca teve a palavra final dentro da totalidade da comunidade cristã (Atos 11.2,3; 15.6-29; Gál 2.11-15)
Ele foi, como os demais apóstolos, em lugares distantes levar o Evangelho e não exerceu um domínio fixo sobre toda a Igreja (Atos 12.17)
Sua liderança provavelmente se restringiu aos convertidos dentro da comunidade judaica, não incluindo as Igrejas gentias (Gál 2.7-9; 1 Ped 1.1 )
Não há a mínima base bíblica para colocar a cidade de Roma com alguma supremacia sobre a comunidade cristã. A referência a Roma, é negativa, onde é comparada com o trono da Grande Meretriz (Apoc 17.9; 18.16)
Quando Paulo faz seu discurso de despedida aos líderes da Igreja de Éfeso, ele não confia a vida deles a algum tipo de Corpo Administrativo, nem a algum líder geral, mas confia-os à Deus e à sua Palavra (Atos 20.32)
Fora da Igreja não há salvação
Segundo o catolicismo, ninguém pode ser salvo a não ser que faça parte da chamada Igreja Católica Apostólica Romana. Isto é contrário ao que encontramos nas páginas do NT, onde a salvação não é condicionada a pertencer a qualquer instituição, mas é resultado da fé em Cristo. Pertencer à comunidade cristã é conseqüência da salvação, e não causa dela. A salvação sempre foi proclamada como resultado da fé em Cristo e de nada mais (Marcos 16.15; Atos 16.31).
Quem pensa que o ecumenismo fomentado pela igreja católica quebrou este dogma, se engana. O Concílio do Vaticano II sustenta a mesma posição, defendendo apenas o diálogo com outras confissões de fé. Novamente, sua infalibilidade não permite que eles voltem atrás neste ponto.
Batismo Como Meio de Salvação
No sistema romanista, o batismo é um dos “Sete Sacramentos”. Sacramento é uma “cerimônia de caráter sagrado”. A Bíblia não fala de cerimônias sagradas, mas apresenta apenas duas: batismo e ceia. Mas não é só o número que varia. O sentido de sacramento, também é outro.
No catolicismo eles são “meios de graça”, ou seja, eles conferem graça ou para ser mais exato, salvam e santificam. O batismo, inclusive, teria poder para perdoar pecados. Esta é a razão porque as crianças são batizadas ao nascer. Seria uma forma de limpar seu pecado original.
Mas tal poder não é causa da salvação, mas consequencia. Os salvos se batizam e não os batizandos se salvam. O Batismo bíblico pressupõe pelo menos três atitudes por parte do batizado: Arrependimento (Atos 2.38); Fé (Marcos 16.16) e entendimento (Mateus 28.19). A ausência desses elemento, retiram qualquer valor do batismo
Confissão Auricular
A Confissão Auricular foi apenas um meio de controle exercido pelo catolicismo sobre a mente dos ignorantes. Isto dava plenos poderes à Igreja Católica, que além de ficar conhecendo os segredos de todos, escravizando assim suas consciências, ao mesmo tempo que advogava o poder de perdoar pecados a seu bel-prazer, introduzindo as chamadas obras de penitência, que transformaram o perdão em uma obra meritória, ao invés de um presente da graça de Deus.
A passagem de Tiago 5.16 Não é justificação bíblica, pois se fosse assim o sacerdote teria de confessar seu pecado ao que lhe confessou também. O texto é apenas uma referência à comunhão entre os irmãos que falam de suas falhas uns aos outros para que os pecados sejam expostos e perdoados mediante o arrependimento. Não é suficiente para aprovar todo o sistema sacramental que foi criado em volta da confissão auricular.
A Missa
A missa não é considerado apenas um culto católico, mas a repetição do sacrifício de Cristo. Segundo eles, cada vez que uma missa é celebrado, o sacrifício de Cristo é repetido de forma incruenta (sem sangue) e por isto ela tem valor salvífico. Diante da Palavra isto é sem fundamento:
O sacrifício de Cristo, feito de uma vez por todas, não precisa ser repetido (Heb 9.28)
A doutrina da transubstanciação, diz que o pão e o vinho se transforma verdadeiramente no sangue e no corpo de Cristo. Enquanto a Palavra diz que a Ceia do Senhor é apenas um memorial. (1 Cor 11.24)
O fato de não servir o vinho, alegando que o pão, por ser o corpo, já contém o sangue, é uma imensa tolice. Por que Jesus não pensou nisto e ofereceu o pão e o vinho ? Por que a Igreja Primitiva também não praticou isto ? Esta claro que nem aqui o catolicismo consegue obedecer a Deus em algo tão simples.
Este são apenas alguns dos pontos. Se olharmos o edifício como um todo, vamos perceber que ele está ainda mais do cristianismo bíblico do que podem demonstrar estes doze pontos. O mais triste de tudo isto, é ver uma organização tão distante de Deus carregando e ostentando o título de cristã.
E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. (Apocalipse 18.4)