Por Eguinaldo Hélio de Souza
Isso mesmo. Não salve seu casamento. Mantenha-o sempre seguro.
Esse é um hábito muito ruim que temos. Descuidar de coisas importantes e quando a situação chega a um nível insuportável, então rodamos o mundo para tentar sanar o problema.
Não nos preocupamos com nossa saúde a não ser quando ela já está muito ruim. Aí nos desesperamos e procuramos por todos os meios coloca-la nos trilhos. Vivemos sem qualquer controle em nossa vida financeira e quando a falência bate à porta nós batemos em todas as portas procurando alguém que possa nos ajudar. Cuidamos melhor de pessoas distantes do que das próximas e quando as próximas se afastam perguntamos o que aconteceu. Então nós dispomos a fazer qualquer coisa para reatar os laços.
Ervas daninhas não nascem da noite para o dia. Paredes não são erguidas em uma noite. Até as coisas ruins da vida precisam de tempo para se desenvolver. O grande matagal já foi um dia um simples gramado.
O amor é forte como a morte dizem as Escrituras. Quando morre é porque já sofreu toda sorte de agressão, desde as indiferenças até os maus tratos verbais e físicos. Geralmente o amor não morre, nós o matamos. Nós o matamos com nosso egoísmo, com nossa acidez, com nossa ira, como nossa negligência, com nossas exigências desmedidas. E depois contemplamos o cadáver sobre a lápide fria e choramos amargamente perguntando o que foi que aconteceu.
Nós nos recusamos a alimentá-lo como se ele não precisasse disso. Nós agredimos as pessoas a quem amamos acreditando que elas tem a obrigação de perdoar sempre, independente se nos arrependemos e pedimos perdão ou não. Nós dizemos ao nosso cônjuge palavra ferinas que não diríamos a ninguém e o tratamos com uma rispidez que não dispensamos a mais ninguém. Colocamos antes dele coisas menos importantes. E acima de tudo nos recusamos a pedir perdão, mesmo quando no fundo sabemos estar errados.
Um fogo não se apaga sozinho nem se mantém sozinho. Ele se mantém ou cresce quando alimentado. Ele se apaga e mingua quando negligenciado, quando esquecido ou quando sobre ele é lançado algo que fere sua natureza.
Entendemos de fogo, entendemos de plantas, entendemos nosso trabalho e muitas coisas que estão ao nosso redor. Mas nem sempre fazemos qualquer esforço para entender a carne de nossa carne e os ossos de nossos ossos. Esse conhecimento é uma ciência necessária.
Casamento não é aquilo que acontece na Igreja ou no cartório em um determinado dia. Casamento é o que acontece depois daquela ocasião. É o dia-a-dia, o passo-a-passo, o relacionamento nosso de cada dia que vai determinar como ficará o nosso amor. Estamos construindo nossa morada, não com tijolo, cimento e pedra, mas com nossas palavras, nossos gestos, nossas decisões.
Se depois de um tempo olharmos e percebermos que nosso casamento se tornou uma coisa feia, uma construção disforme e insegura, precisamos lembrar que nós o tornamos assim. Se ele for uma bela morada é porque colocamos as coisas certas nos lugares certos, construímos com amor e cuidado.
Ao invés de aprender como reacender as cinzas, precisamos aprender como deixar o fogo sempre aceso. Embora expressar o amor corra o risco de se tornar um gesto mecânico, precisa se tornar um hábito porque é um bom hábito. O outro deve ser a conquista nossa de cada dia, deve ser também nossa Canaã almejada, nosso sonho de leite e de deleite.
Ainda dá tempo de acertar as paredes tortas, de limpar os mofos, de caprichar um pouco mais nos detalhes daquilo que estamos construindo. Claro que se houver perigo os técnicos devem ser chamados. Não resta dúvida que você deve fazer tudo para salvar seu casamento em perigo. É bem melhor do que vê-lo morrer e você morrer com ele.
Todavia, se você priorizar seu casamento acima de tudo, menos de Deus, então não haverá risco. Se todos os dias você procurar um modo de tornar seu amor mais evidente, de tornar sua comunhão mais estreita e sua parceria mais firme, você não terá nada para salvar. Seu lar será sempre seu castelo seguro.