Por Eguinaldo Hélio de Souza
Um cristão é alguém ama. Ninguém que abrigue ódio em seu coração pode ser um verdadeiro cristão. Deus é amor. Sua vida em nós é amor. João disse que aquele que odeia seu irmão é um assassino (1 João 3.15) e o apóstolo Paulo disse que o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Romanos 5.5).
A verdade bíblica é que temos que amar. Esse amor é tão abrangente que inclui desde o Deus criador de todas as coisas até os nossos inimigos. É um amor inclusivo.
Jesus resumiu todos os mandamentos em apenas dois:
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mateus 22.37-39)
Dentro da categoria de “próximo” a quem devemos amar como a nós mesmos há uma variedade de pessoas diferentes, com diferentes graus de relacionamento conosco. E precisaremos de sabedoria para discernir a medida de amor que devemos dar a cada um.
Todavia, usando nossa sabedoria temos que admitir que jamais conseguiremos amar a todos igualmente. E nem devemos. Se tivermos algum recurso sobrando para ajudar uma pessoa necessitada, quem será essa pessoa, um familiar ou um inimigo? Seria agradável diante de Deus se deixássemos de ajudar um parente para ajudar um inimigo? Se seu filho precisasse de um rim seu e um amigo também precisasse, a qual dos dois você deveria doá-lo? O que seria agradável diante de Deus?
Essas situações nos levam a deduzir que há uma hierarquia no amor. Devemos amar a todos, mas jamais poderemos amar a todos igualmente. Nas escolhas do dia a dia, na construção da nossa vida, teremos de priorizar nossos sentimentos e nossos atos de amor. Ele pode atingir a todos, mas jamais com a mesma intensidade. Ele pode incluir Deus, cônjuge, filhos, irmãos em Cristo, parentes, amigos, o mundo perdido, nossos inimigos. Entretanto, em sua expressão, ele jamais igualará a todos. Isso não seria possível nem sábio.
Diante desse fato temos de nos perguntar: Qual seria a hierarquia de amor apropriada para um cristão? Quem deve estar em primeiro lugar? E em segundo lugar? Terceiro e assim por diante?
Não é fácil responder a essa pergunta. Também não é fácil aceitar a resposta. Todavia, alguns já tem se expressado sobre isso.
Em primeiro lugar um homem deve amar a Deus. Isso é inegociável. Ele pode perder tudo por amor a Deus. Nada menos do que isso seria correto.
E em segundo lugar? Já não é tão simples. Alguns confundindo Deus com a obra de Deus sacrificam suas esposas e filhos, mas não podemos achar que essa atitude é correta. Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente. (1 Timóteo 5.8).
Nosso segundo amor é para nossa família imediata, cônjuge e filhos ao nosso redor. Na aplicação do amor eles vêm abaixo de Deus. Muitos cristãos já naufragaram por furtar à sua família o amor que lhe era devido, direcionando atenção e esforços para coisas boas, mas que foram amadas na proporção errada.
E dentro de nossa família, nosso amor deve ser primeiro ao nosso cônjuge e depois a nossos filhos. No plano perfeito de Deus, nossos filhos estão destinados a nos deixar (Gênesis 2.15) enquanto nosso cônjuge está destinado a permanecer ao nosso lado para sempre (Mateus 19.5, 6). Somos efetivamente pais por um tempo, maridos e esposas o seremos até a morte.
Há homens e mulheres que deixaram seus cônjuges em segundo plano para “servir a Deus”, esquecendo que servir a Deus é obedecer-lhe e obedecer-lhe é amar sua família abaixo Dele e antes de qualquer outra coisa. Alguns já até fizeram da “obra de Deus” uma fuga para sua incapacidade de amar corretamente.
Há mulheres e mesmo maridos que trocaram o amor de seus cônjuges pelos dos filhos. Deixaram de amar seus cônjuges e direcionaram toda afeição aos filhos, muitas vezes querendo a aprovação de Deus para tal atitude também. É triste dizer, mas é verdade: muitos maridos já perderam suas esposas para seus filhos. O fruto do amor matou a raiz do amor.
Esse amor desordenado jamais gerará bons frutos.
O EXEMPLO DE CRISTO
Até mesmo nesse quesito, Cristo tornou-se um exemplo, apesar de não ter casado. Foi Ele que Paulo utilizou como exemplo para ensinar aos maridos cristãos em Éfeso que tipo de amor deveriam dedicar às suas esposas. Devemos amar nossas esposas com o mesmo amor, a mesma intensidade com que Cristo amou a sua Igreja. Na versão A Mensagem, a passagem de Efésios 5.22 diz o seguinte:
Marido dê o máximo de amor à esposa: faça como Cristo fez a igreja – um amor marcado por entrega total.
Se formos buscar uma hierarquia de amor baseada nas Escrituras, então esta será a ordem de nosso amor: Deus, cônjuge, filhos, parentes, irmãos em Cristo, perdidos, inimigos. A confusão da ordem gerará conflitos desnecessários. O amor bem ordenado, com o tempo, ordenará todas as coisas.
PARA REFLEXÃO
Nosso amor por nossa esposa/esposo tem de estar abaixo de nosso amor por Deus e acima de nosso amor pelos nossos filhos. E assim por diante.
O melhor presente que você pode dar para seus filhos são pais que se amam sincera e profundamente
Beverly LaHaye
(Geralmente é fácil reconhecer as crianças cujos pais se amam)
Os filhos de um homem são pedaços dele, mas a esposa é ele próprio.
Matthew Henry